ࡱ> {}z5@ihbjbj228XX] PPP Z fffz8:<v<z3h:!!!2222222$5Rm73f-"!-"-"3ff3P----"ff2--"2-D--0ff1 @N:(02k3H30,7y,71zzffff147fD1!-| !!!33zzd $ I-Xzz O CICLONE CATARINA: ANLISE PRELIMINAR DA ESTRUTURA, DINMICA E PREVISIBILIDADE Pedro Leite da Silva Dias  Maria Assuno F. da Silva Dias 2 Marcelo Seluchi 3 Francisco de Assis Diniz 3 ABSTRACT The cyclone that reached the Santa Catarina coast in Brazil on the 28th of March, 2004 is a hibrid system with characteristics of tropical hurricanes and extra-tropical cyclones. This paper summarizes the main conclusions of a special session on the Catarina Cyclone held at the 26th Conference on Hurricanes and Tropical Meteorology in Miami. The controversial origin and structure is discussed and the conclusion is that the system is similar to the so-called Mediterranean Lows and some cyclones off the SE coast of Australia, with an eye in the center. These systems have a warm core at the eye, immersed in a large cold core system in the lower to mid troposphere with an overlying warm core aloft. This category of cyclones has been classified as hurricanes by the National Hurricane Center in Miami. Numerical models underestimated the intensity and indicated conflicting information concerning the trajectory. SUMRIO O ciclone que atingiu a costa de Santa Catarina apresentou caractersticas hbridas, tpicas de furaces tropicais e de ciclones extra-tropicais. Neste trabalho so apresentadas os resultados de uma reunio realizada em Miami, na 26th Conference on Hurricanes and Tropical Meteorology onde foi realizada uma sesso especial sobre o ciclone Catarina. A origem da polmica sobre o caso discutida e conclui-se que o sistema teve grande semelhana com as chamadas Mediterranean Lows e que sistemas semelhantes formam-se na costa SE da Austrlia, ambos com a estrutura na forma de olho. Esses sistemas apresentam ncleo quente no olho, imerso em um grande sistema frio na baixa/mdia troposfera com ncleo quente na alta troposfera. Essa categoria de sistema passou a ser classificada com furaco no National Hurricane Center em Miami mas no so assim classificados na Europa e Austrlia. As previses numricas subestimaram a intensidade do sistema e forneceram informaes contraditrias com relao trajetria. PALAVRAS CHAVE Sistemas de Meso-escala; Ciclone Extratropical; Previso Numrica de Tempo. INTRODUO Os aspectos polmicos na evoluo do Ciclone Catarina que se desenvolveu na costa sul/sudeste do Brasil entre 19-20 maro e que finalmente atingiu a costa no dia 28 de maro de 2004 motivaram a Sociedade Americana de Meteorologia a promover um evento especial na 26th Conference on Hurricanes and Tropical Meteorology com durao total de cerca de 2:30 horas, entre apresentaes e discusso. Foram quatro apresentaes: (a) Dr. John Beven do National Hurricane Center na NOAA, que coordenou o evento e apresentou uma viso geral do sistema, baseado nas imagens de satlite; (b) Capt. Marcio Luiz Alves , Gerente de Preveno da Defesa Civil de Santa Catarina, apresentando uma viso geral dos danos causados e as providncias tomadas pela Defesa Civil, com uma apresentao que teve a colaborao de colegas da Univ. Federal de Santa Catarina; (c) Dr. Pedro L. da Silva Dias, do Instituto de Astronomia, Geofsica e Cincias Atmosfricas da USP, com uma descrio da evoluo do sistema e como foi analisado e previsto pelos principais modelos baseado em informaes fornecidas pelo CPTEC e pelo INMET e (d) Dr. Greg Holland, do Bureau of Meteorology da Austrlia que descreveu sistemas semelhantes que ocorrem no sudeste da Austrlia. As apresentaes tomaram cerca de 1:20 hr e seguiu-se uma longa sesso de discusses. A audincia (cerca de 150 pessoas) participou ativamente das discusses e este trabalho resume algumas concluses sobre o evento. METODOLOGIA Os resultados discutidos na reunio de Miami foram baseados em anlises preliminares do ciclone Catarina. As discusses foram fundamentadas nas informaes das imagens do satlite GOES com alta resoluo, informaes sobre a estrutura da conveco obtidas do satlite TRMM (Gevaerd et al. 2004), anlises de alta resoluo da temperatura da superfcie do mar (20km de resoluo), previses numricas dos modelos AVN/NCEP, ETA/CPTEC, anlises meteorolgicas do ciclo de assimilao do AVN/NCEP com alta resoluo (da ordem de 60-80km) e vento de superfcie estimado via satlite (QuikSCAT, vide http://manati.wwb.noaa.gov/cgi-bin/qscat_day-1.pl). Em adio, foram apresentados resultados provenientes do downscaling da anlise do AVN/NCEP para uma grade de 8km de resoluo horizontal, baseada no modelo BRAMS, a verso do modelo RAMS usada no laboratrio MASTER do IAG/USP. Esse downscaling foi realizado com 2 grades sendo a primeira com baixa resoluo (da ordem de 32 km), com intenso nudging em direo anlise do NCEP, mesmo no interior da grade e uma grade interna, com fraco nudging em direo anlise do NCEP mas com interao com a grade de baixa resoluo (Menezes e Silva Dias, 2004). RESULTADOS A seguir so apresentados os resultados principais discutidos na reunio de Miami. No h dvida que se tratou de um sistema raro em funo da organizao da conveco ao redor de um olho muito bem definido. A intensidade dos ventos tambm foi muito alta, tendo em vista os estragos causados no continente. As anlises meteorolgicas operacionais indicavam um sistema mais fraco. H consenso quanto a origem do sistema: iniciou-se como uma perturbao baroclnica tpica ainda sobre o continente, nos dias 19-20/03 (M. Gan 2004 comunicao pessoal), em associao a uma onda curta em altitude, sobre o sul do MS, oeste de SP. No dias seguintes houve aprofundamento da baixa na costa de SP com um deslocamento para leste, vagarosamente, at o dia 22-23 quando comeou o trajeto lento para o sul e oeste, atingindo a costa de SC e norte do RS na madrugada no dia 28/03. Tambm h consenso sobre a fase intermediria, i.e., entre 22-25 de maro, quando o sistema tinha toda a estrutura tpica de nuvem vrgula, isto , um vrtice formado no interior de uma imensa bolha fria, com ncleo quente pelo afundamento de ar superior e liberao de calor latente. O sistema teve origem numa baixa desprendida, cercada por jatos intensos ao norte e ao sul. Um sistema semelhante formou-se em janeiro e atingiu a costa da Bahia, causando chuvas torrenciais em Salvador. Esse sistema da Bahia tambm foi classificado como tempestade tropical pelo NHC em funo das caractersticas da nebulosidade e da intensidade e vorticidade da circulao. Entretanto, no Brasil o sistema foi tratado como um dos vrtices ciclnicos da alta troposfera, com evoluo tpica de vero, baseado no modelo descrito no modelo conceitual de Kousky & Gan (1981) . Algumas dessas baixas clssicas desenvolvem conveco profunda no centro, em funo da instabilidade convectiva condicional. A liberao de calor latente aquece o interior, se as nuvens forem suficientemente profundas e intensas. A fase final complexa. evidente a existncia um ncleo quente na alta troposfera. A origem desse ncleo quente polmica. Esse ncleo nos furaces tropicais tpicos mantido pela liberao de calor latente (subsidncia induzida). Nos casos tpicos, a conveco atinge 12-18km (ou mais) e o ncleo quente bem identificado acima de 600 hPa. No caso do Catarina, o ncleo quente bem definido acima de 400-200 hPa, onde o sensor de microondas do satlite NOAA tem alta sensibilidade e portanto foi muito bem identificado (ver  HYPERLINK "http://amsu.ssec.wisc.edu/atl99.html" http://amsu.ssec.wisc.edu/atl99.html). Esse fato deu origem interpretao de que o sistema Catarina tinha um ncleo quente bem desenvolvido. Entretanto, abaixo desse ncleo quente, havia uma regio fria, exceto no olho onde as anlises de alta resoluo do ciclo de previso do modelo AVN/NCEP indicam a presena no ncleo quente (vide Bonatti et al. 2004) e o downscaling com o modelo RAMS tambm mostra claramente (vide Menezes e Silva Dias 2004). Foi colocado pelo Prof. Pedro Dias que esse sistema formou-se numa situao de grande escala com anomalias significativas detectadas pelo menos desde o incio do ano. Nos meses anteriores e no ms em questo foram observadas anomalias ciclnicas no escoamento em altitude na costa sul do Brasil, que favorece a formao de ciclones ao longo da costa. Tambm foi mostrado que os fluxos de calor sensvel e latente na regio costeira do Brasil mantiveram-se acima da mdia neste perodo, o que tambm favorece a formao de ciclones. O Dr. Manoel Gan forneceu uma tabela (reproduzida na Tabela 1 neste trabalho) com o nmero de ciclones formados na costa brasileira e no continente nos ltimos meses. Essa tabela compara os valores observados nos primeiros meses de 2004 com o que se considera como normal. Os resultados indicam que o nmero de ciclones foi alto, prximo ao mximo j observado no passado. Este resultado coerente com a anomalia da circulao observada nos altos nveis e com o aporte de ar mais frio e seco do sul que intensifica a troca de calor entre a superfcie do mar e a atmosfera ao longo da costa sul/sudeste. Causou perplexidade na comunidade meteorolgica acostumada com furaces tropicais o fato de a conveco ser relativamente rasa durante o ciclo de vida do Catarina, exceto por alguns pixeis que revelaram conveco com topo em torno de 9-10 km. Em geral os topos estavam em torno de 6-7 km. Entretanto, existem furaces no Atlntico Norte com esta caracterstica (i.e, topos baixos). Outro ponto que chamou a ateno dos meteorologistas tropicais experientes: a baixa intensidade da precipitao, estimada pelo radar do TRMM (imagens fornecidas pelos Drs. Carlos Morales e Conrado Conforte). Taxas da ordem de poucas dezenas de mm/dia foram identificadas enquanto furaces tpicos mostram taxas da ordem de centenas de mm/dia. Novamente, existem alguns furaces com este comportamento. Um terceiro ponto importante, identificado por vrios meteorologistas, refere-se ao tamanho do olho: muito grande comparado com outros sistemas tropicais de dimenso semelhante. Porm, existem excees e ento o olho com grandes dimenses no algo indito em furaces. O Dr. Jos P. Bonatti (Bonatti et al. 2004) forneceu diagnsticos do aquecimento diabtico e da fonte aparente de umidade baseadas das anlises de alta resoluo do ciclo de previso do AVN/NCEP (resoluo da ordem de 50km). Essas anlises revelaram que a fonte de calor atingiu no mximo cerca de 35 oC/dia, o que coerente com as taxas de precipitao relativamente baixas observadas pelo satlite. O pico do aquecimento tambm ocorreu em nveis abaixo de 500 hPa, e na fase final em torno de 700 hPa, portanto muito baixo em comparao com ciclones tropicais tpicos. Essas anlises de alta resoluo indicam a presena do olho (muito suavizado), a presena do ncleo quente, imerso numa grande bolha fria mas com o ncleo quente na alta troposfera, indicando um processo de subsidncia intenso na alta troposfera (dificilmente explicvel pela conveco que foi pouco profunda). Portanto, essas anlises de alta resoluo sugerem um processo associado dinmica seca na alta troposfera como o fato iniciante e de manuteno do ncleo quente. Na fase de discusso um dos presentes lembrou que alguns furaces no Pacfico tambm apresentam poucas nuvens profundas e que num caso particular, uma imensa clula convectiva, imersa num sistema ciclnico raso, teria causado a subsidncia no interior do sistema. Uma anlise preliminar do ciclone Catarina no revela a existncia de tal clula (que teria que ter longo ciclo de vida). preciso explorar melhor esta possibilidade. A presso de 997 hPa identificada em Torres (fornecida pelo INMET), com queda de aproximadamente 10 hPa em 6 horas, coerente com vento gradiente da ordem de 20-25 m/s, considerando o raio de curvatura observado nas imagens de satlite e nos dados de vento por sensoriamento remoto do QuikSCAT. Os danos causados so coerentes com ventos mais fortes, possivelmente na ordem de 40-50m/s. possvel que Torres estivesse um pouco mais afastado do centro de baixa presso mas faltam observaes para identificar exatamente a intensidade da presso no interior no olho. O esquema de identificao da estrutura dos furaces por sensoriamento remoto no NHC supe modelos conceituais do vrtice tropical e a partir de informaes da estrutura das nuvens, temperaturas via microonda etc, compe-se o campo do vento e da presso na superfcie. Esses sistemas de identificao automtica indicavam presso no interior no vrtice da ordem de 970-975 hPa. Na reunio de Miami foi levantado um possvel problema com o modelo conceitual usado no NHC: um sistema como o Catarina no segue exatamente o padro tpico de ciclones tropicais. Em particular, o fato de o sistema ser raso, com a parte inferior fria (exceto pelo interior do olho) e a parte alta quente (j acima da maior parte da conveco), pode ter levado o sistema automtico a super-estimar a queda de presso no interior do sistema. Todos os modelos numricos de previso de tempo subestimaram a intensidade do sistema ao chegar costa. As estimativas da presso mnima no interior do sistema nos modelos globais so da ordem de 1008-1010 mb. O modelo ETA/CPTEC, com 40 km de resoluo tambm produziu um centro de baixa presso desta mesma ordem. A previso operacional do RAMS com 20km no MASTER/IAG tambm subestimou a intensidade do centro. Mesmo com antecedncia de 24 horas, ainda haviam discrepncias significativas entre os modelos. Alguns indicavam uma trajetria mais para o sul e outros para o norte. Todos os modelos globais indicavam decaimento na intensidade do sistema. Na realidade, o sistema seguiu uma trajetria bastante regular no final, algo no muito comum em sistemas intensos, dado que as no linearidades tendem a dominar o processo, levando a comportamento no regular. O Prof. Pedro Dias apresentou resultados do downscaling da anlise do AVN/NCEP realizado com o modelo BRAMS com grade de alta resoluo (8km). Essa simulao capaz de detectar a formao das espirais e do olho. Entretanto, a presso mais baixa observada na simulao da ordem de 1002 hPa, portanto ainda bem superior observada. Chamou a ateno o fato de o modelo, mesmo com resoluo de 8 km, ter produzido a maior parte da precipitao na forma da conveco parametrizada, algo que no muito comum em simulaes numricas de outros ciclones na costa brasileira, onde a precipitao da microfsica tende a dominar o processo de formao da chuva. Simulaes com mais alta resoluo devero ser realizadas para que possa ser melhor estudado o processo de formao do olho e das bandas espiraladas. Ao surgirem questes sobre a previsibilidade da trajetria do sistema e o fato de ter seguido uma trajetria regular (e portanto bem prevista pelos meteorologistas locais), alguns meteorologistas experientes manifestaram a dificuldade em fazer previses acuradas da trajetria e rea de ao das tempestades ao atingir a costa. Mesmo com toda a tecnologia existente nos EUA que, alm do uso do sensoriamento remoto, tm-se acesso a informaes coletadas por aeronaves instrumentadas que coletam informaes dentro do ciclone, difcil prever com grande preciso a trajetria e, sobretudo, a intensidade dos ventos e local de chegada na costa. Podem ser implementadas formas alternativas para estimar a intensidade do sistema quando ele ainda est localizado sobre o oceano. Uma dessas formas refere-se ao uso das estimativas de onda geradas pelo sistema (ou variao no nvel mdio do mar). H indcios que os modelos de ondas estimaram amplitudes no muito diferentes das observadas mas este estudo precisa ser feito de forma mais sistemtica. Como os modelos operacionais de ondas usam produtos de anlise dos modelos globais e como estes subestimaram a intensidade do sistema ao atingir a costa, sugere-se que o ncleo de baixa presso deveria ser efetivamente muito pequeno ou ento que o sistema no tinha presso to baixa quanto as estimativas dos sistemas automticos de deteco de furaces. A formao de algumas clulas convectivas de maior porte e de crescimento muito rpido, apontadas na apresentao do Dr. Pedro Dias, foram identificadas como possvel causa de ventos muito mais intensos que os esperados pela dimenso do ciclone. Uma das clulas formou-se no interior do olho (algo no muito comum mas que ocorre em alguns ciclones mas em geral de pequena dimenso pois o olho uma regio de forte subsidncia e portanto termodinamicamente estvel). Essa clula apresenta algumas caractersticas de tempestades violentas, como a formao de ganchos na borda sul e indcios de rotao ciclnica de mesoescala, o que indica a possibilidade de formao de tornados e/ou micro-exploses. Entretanto, a localizao dessa clula somente pode explicar alguns estragos entre as montanhas e o litoral na regio sul de SC. Grande parte dos estragos, segundo a apresentao do Capt. Alves, foram concentrados no extremo sul do Estado de Santa Catarina, numa faixa de aproximadamente 100km. As imagens de alta resoluo no canal infravermelho indicam a formao de uma clula na borda do olho, no momento em que o ciclone toca a costa. Esta clula tambm apresenta caractersticas de tempestades violentas e pode ter provocado parte dos estragos. De qualquer forma, o vento sustentado era de no mnimo 20-25 m/s e possivelmente atingindo 30-35 m/s. O Dr. Greg Holland mostrou que sistemas semelhantes ao Catarina so observados entre o SE da Austrlia e a Tasmnia. A estrutura semelhante (rasos, imersos em uma bolha fria, originrios de um baixa desprendida, com jatos fortes ao norte e ao sul), pequeno ncleo quente onde a organizao da conveco pode levar a formao do olho. O Servio Meteorolgico Australiano nunca classificou esses sistemas como furaces em funo da origem do sistema. Durante a fase de discusso do evento, uma das pessoas na audincia levantou uma possvel explicao para o aumento da freqncia de ocorrncia de furaces no Atlntico Norte: sistemas como o Catarina teriam sido includos na contagem nos ltimos 10-15 anos, apesar da natureza hbrida. Houve tambm consenso sobre a semelhana com as chamadas Baixas do Mediterrneo ( Mediterranean Lows) , que formam estruturas espiraladas, frequentemente com o olho no interior do sistema (Reale & Atlas, 2001). O processo de formao bastante semelhante ao do sistema que atingiu Santa Catarina e so bastante destrutivos em funo da intensidade dos ventos. As Baixas Polares (Polar Lows ) tambm guardam alguma semelhana. A liberao de calor latente tem um papel importante em todos esses casos e este o ponto em comum com os tpicos furaces tropicais. Entretanto, a origem, estrutura interna e o ciclo de vida das Baixas do Mediterrneo e das Baixas Polares distinto dos furaces. Na apresentao do Prof. Pedro Dias foi levantada a questo do efeito da TSM. Foi mostrado que a anomalia da TSM foi ligeiramente negativa na semana imediatamente anterior e na semana no evento. Entretanto, imagens de alta resoluo (1/4 de grau) indicam temperaturas altas, incluindo alguns vrtices com TSM acima de 26C, chegando a 28C. Entretanto, anlises com controle de qualidade rejeitam essas temperaturas mais altas em funo de estarem contaminadas pela presena de nuvens. O Prof. Dias relatou a opinio do Dr. Luciano Pezzi (CPTEC) sobre o fato de as bolhas quentes no terem continuidade temporal. Bolhas deste tipo freqentemente se destacam da corrente do Brasil e eventualmente sobrevivem vrios dias. Portanto, se fossem reais, deveriam ser observadas nas imagens dos dias anteriores e no o so. Por outro lado, h uma banda com gua mais quente ao longo da costa sul do Brasil que no detectada nos dados de baixa resoluo de TSM, que so usados na alimentao dos modelos globais regionais. possvel que a intensificao observada da conveco na aproximao da baixa tenha sido produzida pela instabilizao causada pelo aquecimento da base da coluna atmosfrica ao longo da costa. A qualidade dos dados de vento do QuikSCAT tambm foram debatidos. Alguns ventos indicavam valores da ordem de 50 ns no oceano. Entretanto, o controle de qualidade dos sistemas geradores das informaes de vento via satlite colocaram baixos ndices de confiabilidade nessas informaes em funo da interferncia da precipitao nas medidas do vento na superfcie. interessante considerar que o esquema de assimilao de dados do CPTEC (informao fornecida pelo Dr. Dirceu Herdies) rejeitou grande parte dos ventos do QuikSCAT e portanto o impacto da incluso desse tipo de dado foi muito pequeno. Na discusso esse fato foi lembrado e concluiu-se que a rejeio possivelmente ocorreu pelo fato de o first guess no ter reproduzido adequadamente a intensidade do ciclone. Portanto, necessrio repetir o experimento com modelos de mais alta resoluo para explorar o eventual impacto da assimilao dos dados QuikSCAT. Houve uma discusso sobre como melhorar a previsibilidade desses sistemas. O consenso [e que faltaram dados sobre o mar e bias martimas seriam indispensveis. O Prof. Pedro Dias levantou a questo do monitoramento via satlite que no pode ser realizado com alta freqncia temporal em funo do modo de operao do satlite GOES, algo de difcil soluo no momento dado que o Brasil no tem controle sobre o modo de operao do satlite americano. Os radares meteorolgicos do DECEA (banda S, Dopller) em Canguu, e Morro da Igreja encontravam-se em manuteno mas teriam permitido um acompanhamento da conveco e dos ventos, Tambm foi enfatizada a necessidade de modelos de mais alta resoluo espacial, absolutamente necessrios para descrever sistemas com a estrutura convectiva no caso Catarina e para que os possveis efeitos da temperatura da superfcie do mar (a questo da lngua quente ao longo da costa) possam ser devidamente capturados pelos modelos. DISCUSSO E CONCLUSES Em resumo, Santa Catarina foi atingida por um sistema ciclnico raro, com estrutura hbrida entre furaces tropicais tpicos e ciclones extra-tropicais. Os modelos numricos no simularam corretamente sua evoluo e a situao tornou-se mais complexa na chegada do sistema na costa pela formao de clulas convectivas muito intensas no interior do olho e na borda que aumentaram o poder destrutivo do sistema. O processo de manuteno e a simulao do ciclo de vida do ciclone Santa Catarina dever polarizar a ateno da comunidade cientfica nos prximos anos. Tambm constituiu um importante alerta para a possibilidade de mudanas climticas ocorrerem na forma de uma mudana no padro de ocorrncia de fenmenos extremos. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Bonatti, J.P., V. B. Rao , P. L. Silva Dias, 2004: Estudo observacional da propagao para leste do fenmeno Catarina e sua simulao com modelo global de alta resoluo. Submetido ao XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia. Gan, M. A. and V. B. Rao, 1991. Surface cyclogenesis over South America. Mon. Wea. Rev.,19 (5):1293-1302. Gevaerd, R., M. , M. Longo, P. L.Silva Dias e F.V. Branco, 2004: Anlise da Precipitao Associada ao Ciclone Catarina. Artigo submetido ao XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Fortaleza, Agosto 2004. Reale, O. and R. Atlas,2001: Tropical cyclone-like vrtices in the extratropics: observational evidence and synoptic analysis. Weather.Forecasting,Vol. 16, 7-34 Kousky, V.E.; Gan, M.A. 1981. Upper tropospheric cyclonic vortices in the tropical South Atlantic. Tellus, 36(6):538-551, Dec. Menezes, W. and P. L. Silva Dias, 2004: Um estudo do impacto das opes fsicas do modelo RAMS na simulao numrica do ciclone Catarina. Artigo submetido ao XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Fortaleza, Agosto 2004.  IAG/USP, Rua do Mato, 1226, Cidade Universitria, CEP 05508-990, So Paulo SP, Fone: (11) 3091.4713, Fax: (11) 3091.5034, e-mail:  HYPERLINK "mailto:pldsdias@model.iag.usp.br" pldsdias@model.iag.usp.br 2 CPTEC/INPE, Rodovia Presidente Dutra, km 40 CEP 12630-000, Cachoeira Paulista SP, Fone: (12) 3186-8421, Fax: (12) 3101-2835, e-mail:  HYPERLINK "mailto:bonatti@cptec.inpe.br" assuncao@cptec.inpe.br 3 CPTEC/INPE, Rodovia Presidente Dutra, km 40 CEP 12630-000, Cachoeira Paulista SP, Fone: (12) 3186-8421, Fax: (12) 3101-2835, e-mail:  HYPERLINK "mailto:seluchi@cptec.inpe.br" seluchi@cptec.inpe.br 4.INMET. Eixo Monumental Via S1 Sudoeste Brasi'lia-DF CEP: 70680-900. adiniz@inmet.gov.br     PRSmno{  c d e m S T m{|ŽŸŽŴ{{tlgc_h-}^ht>AAB#B)D+D%G&GIIIIIIRJfJ\K]KNLOLcLnLsLtLwLxLzL{LcOeO"P8P"R#RSSSSUUVVW WRWSWXX~ZZZZhzhjh=dh2 Uhh[h[h'hk h#IH*h#IS;r>s>t>AA)D*D+D%G&GzL{LcOdOeO"R#RVVZZZR^$dh^a$gd[ $dha$gd[$ & Fdha$gdkZZZZZK\]R^S^T^j^k^O_g_DaFaJaKaMahaiavabMbNbbcccc,dxmaRahjhjOJQJmH sH hjOJQJmH sH h'h[OJQJh'h OJQJh'hIOJQJhImH sH h h9aJmH sH h h9mH sH h h.mH sH  h[6>h.hh5hfeh$>.hj+ h[h'hj+ h5hj+ hj+ 5hhbJhzh%mhkR^S^T^k^l^DaEaFaGaKaLaMahaiaNbbb%%%%|,:dh^`:gdI$a$gd':dh^`:gd. $dha$gdj+ $dh`a$gdk $dha$gdkdhgdj+ $dha$gdsBbc-ddeebf0ggWhXhYhZhyqojjjjjogdA@> Fonte parg. padroTi@T  Tabela normal4 l4a ,k@, Sem listaZB@Z 'fCorpo de texto $5$7$8$9DH$a$aJTOT  Body Text 2$5$7$8$9DH$a$ OJQJaJFP@F .Corpo de texto 2 dxR@"R  (Texto de nota de rodapCJaJH&@1H  (Ref. de nota de rodapH*6U@A6 ( Hyperlink >*B*phL@RL T\Texto de baloCJOJQJ^JaJmi`i`RSodemlm|WX\g 345##''--//33r6s6t699)<*<+<%?&?zD{DcGdGeG"J#JNNRRRRVSVTVkVlVDYEYFYGYKYLYMYhYiYNZZZ[-\\]]b^0__W`X`Y`Z`[`]`^```a`c`d`f`g`j`0000000000000000000000000p0000 00 00 000 00 0 0p 0 0  0(0 0(0( 000000 000p 080808 0808 00p 0@0@0@ 0@0@ 00p 0H0H0P 0P0P00P0P0P0P0X0X0000X00X000X00X00X@0p@0@0@0@0@0@00>Pʝ@0M9000@0M900@0M900@0M900M900`+Rdemlm|WX\g 345##''--//33r6s6t699)<*<+<%?&?zD{DcGdGeG"J#JNNRRRRVSVTVkVlVDYEYFYGYKYLYMYhYiYNZZ-\\]]b^0__W`Y`j`O900Oy00O900?MO900O900O900O900O900O900O900O900@0O900O900{CatarO900O900Oy00Oy00O90 0AMO90 0O90 0O90 0O90 0O900Oy00O900Oy00O900O900O900O900Oy00O900O900O900O900O900Oy00O90#0O90 0O90%0O90%0O90 0O90(0O900O90*0O90*0O900O90-0O90 0O90/0O90 0O9010O9010O900O9040O90 0O9060O90 0O9080O9080O90 0 O900O900O900O900O90@0O90'0O90'0O900O900O900O900O900O900O90-0O90-0O90-0O90-00P0wOy00My00@0@0@0 04b 1Z,dAhih59:<>AB5';R^bZhih68;=?@Chh77ki`X]+WmXXXl,2$b2!M LW@0(  B S  ?i`@ ^ȳMKN\L0]N ^MD ^LXWNL8qKJȶMZ\j`     Z\j`  =*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags PlaceName=*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags PlaceType8 *urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagsCityB*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagscountry-region8 *urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagsdate9*urn:schemas-microsoft-com:office:smarttagsplace 2004283DayMonthYear   $*Ycdfgqru>KLP' 2    ! 5 9 : A Q \ 9ACL_jz 2=uxWb#),/x{! + W!Z!##b$h$$&*&&&''''''$(-((()))))),,,,--..B.E...O1R133x44y5566667788D?O?AAAAAABBODRDtDwDDDDDGGGGGH$H)HHH8L=LNNO OPPPPQQQQyRRxTTUUVVWWiYpY~YYYYNZQZdZgZxZZZZZZ[[[[[[ \!\-\3\;\>\Q\]\\\\\\\]]]d^n^2_<_``&`2`[`[`]`]`^`^```a`c`d`f`g`j`AQ +l n / 6 F H XZ/04658x{GL!!##$ $y%{%& '))))**--..O1R1m1122333444v6{677X9^9:#:;;]=_=`@d@A ABBbDdD}DDEEFFGGHHII6J;J LLO OPPyRR&S(SVW^WXXiX~YYZLZ\Z^ZpZZZZZZ[[\!\-\J\K\\]__P`S`[`[`]`]`^`^```a`c`d`f`g`j`333333333m{$$n--GYJYZMZZZ\\][`[`]`]`^`^```a`c`d`f`g`j`][`[`]`]`^`^```a`c`d`f`g`j`Pedro L. da S. Diasmafdsdia8 m\hHH^H`OJQJo(hHh^`OJQJ^Jo(hHoh^`OJQJo(hHh  ^ `OJQJo(hHh^`OJQJ^Jo(hHohXX^X`OJQJo(hHh((^(`OJQJo(hHh^`OJQJ^Jo(hHoh^`OJQJo(hH8 mM.dXo{%eo{%eZYbJ (j+ g Tg <jdk[rs#l$Xv&';3(k-$>.0y,49891:~;kV<%>sB%G#IiM[:8I[(a`j; $k*uRr*d li6Q[j` @?@ABCDFGHIJKLNOPQRSTUVWXYZ[\]^_`abcdefghiklmnopqstuvwxy|Root Entry F@N:~Data E1TableM8WordDocument8SummaryInformation(jDocumentSummaryInformation8rCompObjn  FDocumento do Microsoft Word MSWordDocWord.Document.89q